Somconsciência

SOM CONSCIÊNCIA – SOM COM CIÊNCIA
CANÇÕES E CONSTELAÇÕES

Ciência sim!

A sequência Fibonacci, conhecida como uma forma de Geometria Sagrada e padrão harmônico da Natureza, também orienta esse trabalho, inclusive a nossa “logo”.

Podemos verificar que um dos órgãos do corpo constituído com base nesse padrão, no caso, o ouvido, deriva da sequência.

Estamos empenhados em mostrar que nossas músicas têm o propósito de propiciar um maior autoconhecimento, pelo que lançamos mão de alguns estudos e práticas, aqui colocadas. Tudo potencializado com o uso de imagens:

A combinação de músicas e de imagens cria uma “forma de conhecimento”, pois nos oferece aceso à sabedoria inata escondida na psique humana. Jung verificou essa verdade em suas viagens pelo mundo. Quando questionou mestres e gurus da época, descobriu que todos o encaminhavam de volta para si mesmo, com a resposta: “Você sabe!” Joseph Campbell, em seus memoráveis diálogos com Bill Moyers, explicou não ser uma questão de encontrar uma “causa mais nobre”, mas sim de uma “causa interior” (…)

Como podemos encontrar essa causa interior?

Como procurar as nossas próprias respostas e, o que talvez seja mais importante, como podemos nos inspirar em nossos próprios valores? Num mundo saturado com a mecanização, com valores que mudam tão rapidamente, no qual se torna difícil distinguir o certo e o errado, parece que perdemos  um contato vital com a integridade espiritual. Como ouvir o nosso coração? (…) Para orientar-se pela voz interior, e não pelas demandas exteriores, é necessário recuperar e resgatar as respostas naturais que ocorrem dentro de nós, logo abaixo da consciência cotidiana. A música e as imagens oferecem um elo criativo que liga as realidades interior e exterior’.

Confira abaixo a síntese do artigo científico que escrevemos para a pós graduação em Biopsicologia.

SOM E MÚSICA

“Música é o som que expressa emoção por meio do ritmo, melodia, harmonia e timbre” (BIREME).

É qualquer forma pela qual criamos e/ou organizamos o som – manifestação vibratória genérica percebida como sensação por meio do sistema auditivo (Petraglia, 2010). 

É o produto artístico mais instigante. O fenômeno externo e presente em toda a natureza é a vibração. Mais do que qualquer outra arte, tem uma representação neuropsicológica extensa, com acesso direto à afetividade, às áreas límbicas do cérebro ligadas a emoções e impulsos. Estimula a memória não-verbal (MUZCAT, 2000).

“Passa direto pelos portais das reservas e das defesas psíquico humanas, tocando os mais profundos pontos que o ser humano tenda a ocultar. Ela assim o faz, por ser constituída de vibração, que tende a movimentar os corpos sólidos quando se propaga. Assim, ela consegue desobstruir caminhos e desperta ímpetos de coragem para a vida no aqui e agora.” (DRISCHEL, 2013).

“Nosso sistema nervoso é primorosamente sintonizado para a música” e é “no imensamente complexo conjunto de circuitos neurais multinivelados que fundamenta nossa percepção e reprodução musical” (SACKS, 2007).

Os sentidos do corpo precisam de estimulação. Daí a relevância do som, tanto que 80% dos estímulos chegam ao cérebro pelo ouvido, primeiro órgão sensorial a ser formado. O neo-córtex é constantemente carregado com sons de alta frequência, que estimulam o crescimento das redes neurais do cérebro. Para o uso dos sons como modalidade de cura existe um princípio básico, a ressonância. Tudo no universo está em constante vibração, o que inclui cada órgão do corpo humano. Assim, ao se determinar a frequência de ressonância correta de cada órgão saudável, projetando-a sobre essa parte quando doente, pode ocorrer a cura, para Goldman (1994), que cita as experiências de Judith Hitt: “O fluxo e pulsação do fluido da coluna, bastante afetado por acessos, por exemplo, podem ser alterados por meio de sons, o que ajuda a limpar bloqueios”. E sobre os benefícios de seus próprios trabalhos com o som, que altera o ritmo respiratório primário e libera o fluido da espinha, comenta que os exercícios parecem exercer um efeito global sobre a saúde e o bem-estar do indivíduo. Por isso mesmo tem crescido o interesse na pesquisa das relações entre música e medicina, com ênfase em fisiologia, neurologia e psiquiatria, uma vez que alterações de estímulos sonoros podem refletir-se em mudanças dos padrões no reflexo de orientação, na variabilidade das respostas fisiológicas envolvidas nos processos de atenção e expectativa musicais, ou na mudança de frequência, topografia e amplitude dos próprios ritmos elétricos cerebrais (MUZCAT, 2000).

Mediante as implicações do fenômeno da ressonância, o estudo volta-se aos efeitos do som sobre a saúde e bem-estar.

“A união com o som é uma chave para a meditação sonora (…) O som não é visto como um fenômeno físico criado pelas cordas vocais, mas como uma energia viva que pode se manifestar através daquele que estiver disposto a ser seu veículo. Envolve o uso da imaginação, o abandono do controle e a entrega à confiança. Se tentarmos controlar o som em vez de querermos nos tornar o som, jamais atingiremos esse nível.” (Goldman,1994)

1. Chakras:

Pela sabedoria tradicional oriental, ao longo da coluna e no cérebro se localizam “chakras”, centros de energia, onde ressoam a ideação e a vibração acústica sutil para glândulas endócrinas, resultando no equilíbrio do fluxo de energia e da saúde psicofísica. Esse conhecimento é importante porque servirá de base para a análise das canções aos quais o site remete.

Pela sabedoria tradicional oriental, ao longo da coluna e no cérebro se localizam “chakras”, centros de energia, onde ressoam a ideação e a vibração acústica sutil para glândulas endócrinas, resultando no equilíbrio do fluxo de energia e da saúde psicofísica. Esse conhecimento é importante porque servirá de base para a análise das canções aos quais o site remete.

2. Canto:

Cantar significa usar a voz da alma. Significa sussurrar a verdade do poder e da necessidade de cada um, soprar alma sobre aquilo que está doente ou precisando de restauração. Isso se realiza por meio de um mergulho no ponto mais profundo do amor e do sentimento, até que nosso desejo de vínculo com o Self selvagem transborde, e em seguida com a expressão da nossa alma a partir desse estado de espírito. Isso é cantar sobre os ossos (Clarissa Pinkola Estés – Mulheres que Correm com Lobos. P. 45).

Entre as várias culturas, a da Índia sempre reconheceu na voz humana o mais perfeito instrumento de som. Tanto que sua arte é subjetiva, espiritual e individualista, cujo fim não é o brilho sinfônico, mas a harmonia pessoal com a Superalma (YOGANANDA, 2009).

O significado original de cantare era “criar através da magia”. Quando o homem começou a interagir com esses sons, criando metamorfoses, cantou (BERENDT, 1993).

3. Respiração – fisiologia:

O nó sinoatrial é afetado pelo sistema nervoso autônomo (SNA). O sistema nervoso simpático e o nervo vago transmitem impulsos a partir de um oscilador cardiopulmonar consistindo de interneurônios de ligação núcleos do tronco cerebral. Na inalação esta “pausa vagal” é lançada e o coração acelera por causa de uma influência simpática tônica e da frequência natural do nó sinoatrial (VICKOFF, 2013).

A magniturde da resposta da orientação cardíaca é um índice da regulação vagal. O sistema vagal compreende fibras viscerais que regulam esôfago, faringe, laringe, músculos cardíaco e liso. Os músculos controlam vocalização, sucção, deglutição e interagem com a respiração, graças ao nervo vago inteligente, mielinizado, presente nos mamíferos (PORGES, 2012).

A RSA (arritmia sino-respiratória) é o resultado desta atividade vagal “ligadesliga”. A taxa de variação cardíaca e a respiração são interdependentes, mas a interação é irregular. Se a respiração é guiada, existe mais regularidade e maior amplitude na taxa. E realmente se verificou que o mantra produz um HRV (escore de freqüência) significativamente mais regular, o que beneficia a saúde (STEVENS, 2014).

Tal estado de espirito pode ser associado ao flow, à fluidez ou fluência, conceito atualmente em evidência estudado por Csikszentmihalyi. Mais ainda, a atividade de cantar deflagra o trabalho de uma bomba vagal, que pode até enviar ondas de relaxamento ao entorno, quando o canto ocorre em grupo (VICKOFF, 2013).

Tais efeitos benéficos do canto aplicam-se ainda quando de forma coletiva e em conexão com o sagrado. Com efeito, cantar em coral é uma forma altamente sincronizada de interação social que presumivelmente exige sincronização da atividade física. Em particular, a respiração sincronizada pode ter uma função de coordenação no desempenho coral. Nessa modalidade de canto, os indivíduos geralmente ajustam os seus níveis de voz para os níveis que eles ouviram de outros cantores, diferindo do canto “solo” (MÜLLER e LINDENBERGER, 2011).

A exalação lenta e as vocalizações sociais expressivas causam impacto do nervo vago mielinado sobre o coração. Indo mais além, o sistema integrado face-coração permitiu que as vocalizações e os gestos faciais complexos associados à comunicação social influenciassem os estados fisiológicos. Ou seja, saúde, crescimento e restauração. Prosódia, audição e expressividade emocional foram aperfeiçoadas (PORGES, 2012).

Cantar geralmente ativa o córtex auditivo, córtex motor primário, a área motora suplementar, o tálamo, o cerebelo, o giro frontal inferior, a ínsula, o córtex cingulado. Esses dois últimos estão envolvidos no monitoramento e controle de processos corporais, tais como respiração, apetite, gosto, a antecipação do ganho potencial e até atividades sexuais. A ínsula é uma grande área que se conecta ao neocórtex, ao tálamo e à amígdala, de forma a atingir os neurônios-espelho, o que sugere a ligação com emoções empáticas. O giro cingulado tem sido implicado a mediação da motivação social e o desejo de se comunicar. Assim, a ínsula e o córtex cingulado transformam o estado do corpo em emoções e as emoções em vocalizações do cantor. Ainda transformam vocalizações ouvidas em emoções no ouvinte (VICKOFF, 2008).

4. Caminhos de Cura:

Petraglia (2010) faz uma analogia para entender a própria natureza humana, baseando-se na noção de Goethe de a música ser mônada tonal, unidade espiritual musical, o grande berço de onde todo tom surge e para onde todo tom retorna, que somente nossa escuta interior, em intensa atividade, consegue alcançar: “O sentido de um ser individual espiritual permear a matéria, relacionar-se com outros seres no tecer de harmonias – entre dissonâncias e consonâncias, desenvolver sua melodia e depois de fundir novamente na essência, fonte de toda a existência para, de lá, novamente dirigir-se à terra de forma individualizada e, assim, percorrer seu caminho de aprendizado e aperfeiçoamento”.

5. Bibliografia:

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